Ansiedade

A Ansiedade na Psicanálise: Uma Abordagem Abrangente

Introdução:

A ansiedade, um estado emocional complexo e multifacetado, ocupa um lugar central na teoria e prática psicanalíticas. Para além de um mero incômodo ou sintoma, a psicanálise a reconhece como um fenômeno multideterminado, com raízes na infância e intrinsecamente ligado à estrutura psíquica do indivíduo (FREUD, 1936).

Definição e Características:

Segundo Freud (1936), a ansiedade se configura como um afeto desprazeroso, caracterizado poruma expectativa apreensiva e preparação para a angústia. Essa antecipação de um perigo, real ou simbólico, mobiliza o organismo para a ação, seja através de reações fisiológicas (aumento da frequência cardíaca, sudorese, tremores), comportamentais (esquiva, fuga) ou cognitivas (preocupações excessivas, pensamentos catastróficos).

Panorama Histórico e Conceitual:

Ao longo da história da psicanálise, o conceito de ansiedade foi objeto de estudo e debate por diversos autores. Freud (1926) a definiu como um sinal de alerta que indica a presença de um perigo, seja ele real, neurótico ou moral. Posteriormente, Melanie Klein (1948) enfatizou o papel das relações interpessoais na infância no desenvolvimento da ansiedade, enquanto Jacques Lacan (1963) a propôs como um sintoma da estrutura do sujeito.

Desenvolvimento e Manifestações:

A psicanálise busca compreender a origem da ansiedade em cada caso individual, investigando as experiências passadas do sujeito, suas relações interpessoais e seus mecanismos de defesa. Através da análise dos sonhos, da associação livre e da interpretação de atos falhos, o psicanalista auxilia o paciente a desvendar as raízes inconscientes da sua ansiedade.

Tipos e Funções:

Na psicanálise, a ansiedade pode se manifestar de diversas formas, como:

  • Ansiedade real: surge como resposta a um perigo real e objetivo, como uma ameaça física.
  • Ansiedade neurótica: está relacionada a conflitos inconscientes e à repressão de desejos.
  • Ansiedade moral: emerge do sentimento de culpa e da autocrítica excessiva.

Embora frequentemente percebida como algo negativo, a ansiedade também pode ter uma função adaptativa, mobilizando o indivíduo para lidar com situações desafiadoras. No entanto, quando se torna excessiva ou desproporcional à situação, a ansiedade pode se transformar em um transtorno mental, impactando negativamente a qualidade de vida do indivíduo.

Tratamento e Abordagem Psicanalítica:

A psicanálise oferece um espaço para que o indivíduo possa explorar suas emoções, compreender a origem da sua ansiedade e desenvolver ferramentas para lidar com ela de forma mais saudável. Através do processo terapêutico, o paciente pode:

  • Identificar os gatilhos da sua ansiedade
  • Explorar os conflitos inconscientes que a sustentam
  • Desenvolver mecanismos de defesa mais saudáveis
  • Construir uma relação de confiança com o terapeuta

Conclusão:

Ao abordar a ansiedade de uma perspectiva abrangente e multifacetada, a psicanálise contribui para o desenvolvimento de uma compreensão mais profunda desse fenômeno, oferecendo um caminho para o tratamento eficaz e a melhora da qualidade de vida dos indivíduos que sofrem com ela.

Referências:

  • FREUD, S. (1926). Inibição, sintoma e angústia. In: Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 20, pp. 79-198). Rio de Janeiro: Imago.
  • FREUD, S. (1936). O problema da ansiedade. In: Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 20, pp. 199-234). Rio de Janeiro: Imago.
  • KLEIN, M. (1948). Sobre os estados maníaco-depressivos. In: Contribuições à psicanálise (pp. 285-309). São Paulo: Companhia das Letras.
  • LACAN, J. (1963). O seminário, livro 10: A angústia (1962-1963). Rio de Janeiro: Zahar. 


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